Vereador Durval Ferreira (PL) foi o autor da propositura
Com o objetivo de debater políticas públicas de educação, saúde e assistência, implantadas para o tratamento e diagnóstico precoce de pessoas com autismo, a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou, na tarde desta quarta-feira (17), sessão especial que reuniu representantes de entidades públicas e privadas que atuam com pessoas autistas, além de pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O vereador Durval Ferreira (PL) foi o autor da propositura e falou sobre a motivação para a realização da sessão. “Buscamos, através dessa solenidade, trazer para a CMJP o debate sobre o autismo, uma vez que sabemos que as crianças que nascem com autismo precisam de um olhar especial, com políticas públicas que atendam suas necessidades, além de compartilhar informações para que as pessoas saibam identificar o que é o TEA. Essas crianças precisam de um apoio maior, de uma atenção diferenciada, e por isso precisamos buscar uma maior qualidade de vida e serviços voltados especificamente para elas”, afirmou.
A diretora clínica da “Rede Reviver”, Rebeka Ferreira, disse que a inclusão é o principal obstáculo enfrentado pelas pessoas com autismo. “Crianças e o adultos autistas precisam de espaços adaptados para que possam transitar e circular. Geralmente as crianças autistas possuem questões sensoriais com o som, barulho, e elas precisam de adaptações com relação a isso, como também um tratamento adequado, que é um dos principais problemas enfrentados pelas mães de crianças autistas, principalmente dentro da rede pública. Precisamos chamar a população para discutir políticas públicas voltadas aos autistas, e discutir isso com o setor público é de extrema relevância, visto que o autismo hoje é uma realidade”, acrescentou.
“Descobrimos o diagnóstico do nosso filho Lincoln quando ele tinha cinco anos de idade e foi um choque, parece que o mundo vai desabar. Eu senti medo e insegurança, mas percebi que nesse momento eu precisava ser forte. Então, busquei informação sobre o tema, conversar com outras mães que já tinham passado o que eu estava passando e entender o processo burocrático para que ele iniciasse o quanto antes o tratamento multidisciplinar. Acredito que hoje os principais desafios são o preconceito e a falta de informação, pois muitas pessoas ainda não conhecem o autismo na sua totalidade”, destacou Celane Medeiros, mãe de uma criança autista de nove anos.
Saionara Araújo, diretora do Centro de Referência em Doenças Raras de João Pessoa, salientou que o maior problema enfrentado hoje é a falta de informação. “Discutir esse assunto na CMJP é ímpar, para a sociedade civil como um todo e para os profissionais que trabalham nas áreas de saúde, assistência e educação terem mais informações, especialmente para fazer o encaminhamento buscando um atendimento de qualidade e integrado”, pontuou.
Érica Oliveira, psicóloga da “Rede Reviver”, comentou que hoje existe um grande desafio quando se fala na perspectiva do mercado de trabalho para pessoas com autismo. “Eu atendo a intervenção precoce e adolescente também, e esses meninos irão crescer. Mas, hoje, não se pensa nas pessoas com autismo na vida adulta, e o desafio têm dois eixos no contexto da rede particular, que são a educação inclusiva e o mercado de trabalho”, concluiu.