João Pessoa, 12 de dezembro de 2024
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Uso de câmeras corporais em policiais é tema de pronunciamento na CMJP
12.12.2024
Damião Rodrigues
Olenildo Nascimento

Tarcísio Jardim (PP) defendeu que, antes de se pensar nesse tipo de ação, é preciso melhorar as condições de trabalho da categoria

Em pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), o vereador Tarcísio Jardim (PP), que também é policial civil, se posicionou sobre o uso de câmeras corporais por profissionais da Segurança Pública na Paraíba. Na sessão ordinária desta quinta-feira (12), o parlamentar defendeu que, antes de se pensar nesse tipo de ação, é preciso melhorar as condições de trabalho da categoria.

“Hoje vou falar sobre as câmaras que querem colocar nos policiais. Será que não existe nenhum outro ponto para se tocar e querer mudar antes de se pensar em câmaras em policiais? Será que não precisamos pensar em melhoria de material, melhoria salarial, melhores condições de trabalho e em educação social para que as pessoas saibam acatar ordens das autoridades que estão trabalhando nas ruas?”, questionou o parlamentar.

O vereador ainda alegou que os policiais americanos, que, segundo ele, são parâmetro para outros policiais, jamais trabalhariam com a legislação brasileira, enquanto os policiais brasileiros “tirariam de letra nas ruas americanas”. “É uma questão social. Todo mundo quer tirar o marginal das mãos da policial, porque não quer que ele seja preso. Mesmo sabendo que ele está errado, que cometeu um crime, e polícia não pode reagir, não pode fazer o uso moderado da força, porque senão está errada. Tem que deixar levar o marginal embora, porque a polícia não pode reagir. Esquecem que por trás da farda existe um ser humano, um pai de família, uma mãe de família. Existe um pai ou mãe de autista que não pode pagar um cuidador para ficar com seu filho”, arguiu.

Tarcísio Jardim ressaltou que os policiais muitas vezes têm que cumprir uma escala extra, não incorporada no seu salário, pois nenhum recebe subsídio na Paraíba. “Se levar um tiro, adoecer ou tirar uma licença, vai para casa com 60% a menos do seu salário. Isso ninguém fala, ninguém pensa, ninguém lembra”, asseverou.

De cordo com ele, esses policiais, no momento de sua folga, para fazerem sua higiene mental, precisam estar fazendo bico para poder dar dignidade à sua família. “A polícia não quer benefício escolar, nem desconto em plano de saúde. A polícia quer um salário digno, para que possa pagar uma escola para o seu filho e um plano de saúde para sua família. Na Paraíba, a gente recebe o pior salário do país. Será que a gente tem que estar pensando em câmera ou nos seres humanos que estão atrás das fardas?”, indagou.

Para o parlamentar, se, em vez de pensar em câmeras, a sociedade estivesse tentando melhorar a vida dos policiais, a situação seria diferente. “Repito e friso que policial que comete abuso tem que ser punido com rigor. Os ruins têm que ser punidos. Mas não podemos generalizar uma classe inteira porque uns cometem erros. Precisamos de uma corregedoria independente, que faça valer o estatuto e as punições. Não podemos demonizar a polícia desta forma. Temos que melhorar a situação da polícia e da segurança jurídica para não se prender a mesma pessoa várias vezes”, declarou.

Ele ainda chamou atenção para as manipulações de imagens que poderão ocorrer derivadas das imagens obtidas nas câmeras dos policiais, além de poderem ser utilizadas fora de contexto. Tarcísio também afirmou que os policiais brasileiros são os que mais morrem devido às suas atribuições.

Sobre esse ponto, o vereador Renato Martins (Avante) rebateu, esclarecendo que: “Em 2023, morreram 110 policiais no Brasil. Desses, uns 60 morreram nos ‘bicos’, trabalhando como segurança privada, 46 foram realmente em combate nas ruas, e o restante foi por suicídio”. O vereador Marcos Henriques (PT) defendeu que as câmeras poderão servir de salvaguarda para os bons policiais.

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